25 novembro 2011

Capítulo 117


E o que eu não te contei foi que sonhei com a gente à noite. Não eu e você separados, não: era nós.
Nós estávamos dormindo juntos, dividindo a mesma cama. Eu ainda estava dormindo e você estava me observando dormir. Daí você me beijava com todo o carinho e cuidado do mundo — como se eu fosse uma flor cristalizada e pudesse me desfazer — e dizia “Bom dia, meu amor” enquanto eu esfregava meus olhos me librando da areia de Morfeu. “Bom.” eu respondia, com um sorriso bobo de quem sabe que é feliz. “Dormiu bem, pequena?” você passava a mão pela lateral do meu corpo — e mesmo por cima do lençol, eu sentia tua pele macia — “Uhum.” eu respondia ainda fitando como boba a razão desse bom humor todo. “Quer que eu faça teu café?” você perguntava trocando de calças. “Não precisa. Pode ir trabalhar.” eu dizia e fechava os olhos de novo. “Ei, não esquece que eu amo você.” eu me lembrava de gritar. “Eu te amo muito mais.” você gritava de volta da cozinha.
E eu finalmente fechava os olhos para voltar a dormir me sentindo feliz.

23 novembro 2011

Capítulo 116 - Blue


Hoje é um daqueles dias. Ele está com o notebook no colo e só me resta encarar o caderno e pensar em algo para escrever. Mas é melhor deixá-lo lá, sei como seria pior se ele não se distraísse.
É um daqueles dias em que ele tem vontade de ficar na cama e chorar o dia todo. Em dias como esse, eu sinto vontade de fazer a mesma coisa. Por que dói tanto ver alguém que você gosta sofrendo e não poder fazer nada a respeito?
Dizem que você sabe o quanto uma pessoa significa pra você pelo jeito como o humor dela consegue afetar o seu. Vê-lo feliz — feliz não era algo que pudesse ser dito dele, na verdade —, bem, talvez eu não diria feliz. Só vê-lo sorrir já me deixava radiante. E você pode imaginar o que acontecia quando ele estava triste — coisa que acontecia a maior parte do tempo —: eu simplesmente desabava.
Por que eu não conseguia fazer qualquer coisa para animá-lo? Em dias como esse, eu era uma perda de tempo. De que vale viver se você não consegue deixar seu amor bem?

07 novembro 2011

Capítulo 115 - Devolva-me


Sabe aquele meu caderno que você tanto gostava de folhear porque as folhas tinham meu perfume?  Vou precisar dele de volta. E aquela foto no seu criado mudo da nossa viagem a Londres, me devolve também — adorei aquela viagem. Aqueles meus livros que ficavam na sua cabeceira para quando eu sismava em não conseguir dormir, me devolve. Meus cds que você pegava pra saber se gostava do estilo musical. Meus boxes de todas as temporadas de séries que eu gosto. Meus dvds de filmes românticos melosos que você detestava, mas sempre assistia comigo. Minhas revistas de decoração que eu já estava cansada de olhar para fazer trabalhos. Meu Ipod que sempre estava jogado nas suas coisas. Minhas lentes que deixei na sua casa pros dias em que saíamos juntos. Minha escova de dentes. Minhas presilhas que sempre ficavam jogadas pelo chão do seu quarto. Meus lápis de desenho que me deram tanto trabalho para apontar e você queria para você só porque achava bonito. Minhas blusas que ficaram aí e você acabou dando para a sua mãe lavar porque achou que iria estragar se jogasse na máquina — você a agradeceu por mim?
Devolve a parte de mim que ficou com você, enfim.
Tô devolvendo o que ficou de você comigo. Tô devolvendo também sua camisa vermelha que ficou aqui em casa e eu achava confortável de usar; Aqueles livros que você deixou aqui para eu ler — eu não tive tempo de ler todos, mas são seus; Aquelas fotos na praia fora de temporada com você também.
Se você achar que falta alguma coisa, pode pedir pro síndico abrir para você. Mas julgo ser só isso mesmo, as pessoas sempre levam mais de mim que eu levo delas.

29 outubro 2011

Capítulo 114 - And that's the lousy truth


"Ei..." ela sussurrou na linha, querendo ser ouvida, mas só seria se estivessem prestando atenção.
"Ei, oi, minha fofa. Como você tá?" ele respondeu, demonstrando atenção.
Ela não respondeu. Só se manteve em silêncio. Não era culpa sua se as palavras queriam ficar presas dentro de sua garganta, era?
Um segundo, um instante, um momento se passou.
"Pequena? Tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa? Fala algo." disse, preocupado.
"Ele... Era tudo mentira." ela expulsou as palavras para fora tentando se fazer entender. "Pode falar o que quiser. Diz, diz "eu te avisei", mas só para você saber, eu já me torturei o bastante."
"Pequena... Me explica isso direito."
"Tinha outra garota. Sempre teve. Eu não era nada, sabe? Era um passa-tempo para quando ela não estava lá. Foi tudo mentira... Pode dizer que você estava certo em não gostar dele, diz que você me avisou sobre ele, vai. Me tortura." ela cuspia as palavras conforme cuspia tudo o que estava sentindo também.
"Só vou comentar uma coisa..." ele disse num tom calmo e ela suspirou entre dois soluços do outro lado da linha "Ele é um babaca, e eu já estou indo para aí."
"Foram duas coisas." ela resmungou.
"Chego em cinco minutos." 

22 outubro 2011

Capítulo 113


"Olha, eu queria poder dizer que eu aguento esse navio afundando sozinha, porque eu sou a capitã e a capitã sempre afunda com seu barco, aliás, eu já fiz esse barco sair de cada uma e foi tudo sozinha. Mas não importa. A questão é que: eu não aguento sozinha. Meu leme tá cedendo, tá escorregando da mão, a pressão da água tá forte demais, tem muita água no convés, o navio tá ficando pesado, não dá, não dá. 
Faz tempo que eu tô sem co-piloto, ele foi embora, preferiu um avião, disse que era mais fácil de comandar, que droga, não é? 
Essas últimas ondas bateram fortes demais, acho que danificou o casco.
Onde foi que eu meti a gente, navio? Onde foi que eu te giriei para a direção errada?
A gente não conhece essas águas e é tudo tão turbulento, sem ninguém para nos escoltar de volta. Droga, navio. Desculpa, desculpa por meter a gente nessa. Desculpa se eu não tô tendo força o suficiente para girar o leme. Eu não consigo mais.
Ei, ei, ainda tem alguém aí do outro lado do rádio? Ajuda. Socorro. Help. S.O.S."
Mas tudo que ela conseguia ouvir em retorno era estática.


19 outubro 2011

Capítulo 112 - 15;


Oi. Como você tá, menino? Tá tudo bem? Você já a superou? Espero que as coisas não estejam tão dificeis para você — sei que depois de um tempo tudo passa, você parecia estar levando mais tempo que o normal.
Que saudades de você, pequeno. Por que eu tive que ficar sem tempo? Por que eu não fui na sua página ver o que estava acontecendo? Por que eu perdi o contato com você, hein? Por quê?
Eu fui até aquela sua amiga perguntar de você. Ai, como eu sinto sua falta, menino. Acho que minha mensagem não chegou até ela. (Ei, desculpa a mudança súbita de assunto, de repente me deu uma epifania e achei que eu ainda pudesse ter algum requício de contato com você. Mas a resposta é não.)
Que droga, menino. Gostava tanto de falar com você, tudo parecia tão bom. Queria te roubar pra mim, sabia? Não me importava se seu coraçãozinho estava quebrado, se você estava em outro estado ou se você era mais novo que eu. Eu só queria tanto que você sarasse logo, menino.
Era tudo tão inocente, sem malícia. Era uma amizade tão cúmplice, tão pura.  Por que te perdi, menino? Por quê?
Sinto tanto sua falta. Será que você faz ideia?
Pesquisei seu nome na internet pra ver quantos resultados eu conseguiria. Tantos, menino, tantos — e nenhum deles me levava a você.
Foi uma amizade à primeira vista essa coisa nossa, não foi? Eu gostei de você só por gostar. Gostei de você sem foto, sem voz, sem qualquer empecilho. Gostei de você pela sua personalidade, garoto. Gostei das músicas que você gostava, gostei dos seus desenhos, gostei dos seus gostos e gostei da sua dor — porque cá entre nós, eu acho que sempre gostei de gente sofrida como nós. Me apaixonei pela sua personalidade, pelo seu eu e não pedi mais nada em troca.
E uma coisa dessa não acontece todo dia, não é? Ainda não entendo: Como foi que eu te deixei escapar, pequeno?
Ah, siba que eu só quero o bem pra você. Você merece, garoto. Merece tudo de bom da vida.
Se cuida, tá? É o que eu peço e pedia sempre que terminava uma mensagem pra você. Sabe que toda noite eu peço pra você ficar bem, pequeno? Ai, pequeno, ai.
Que dor ter que terminar essa carta aqui. Se cuida, tá bem? E junta os pedaços desse coraçãozinho porque você ainda irá amar várias garotas por aí.
Ai, pequenoi, desculpa se eu não conseguir dizer tchau, dói demais me despedir de você.
Se cuide, pequeno. Se cuide. E seja feliz — feliz por mim.


Fim do capítulo 112;

16 outubro 2011

Capítulo 111


O telefone toca. Uma, duas, três vezes. Ela estende a mão e pega o aparelho do criado mudo. parou de tocar. Foi só imaginação?
Ela alcança os óculos e espera os olhos se adaptarem. "Três mensagens não lidas" ela vê semicerrando os olhos.
"Bom dia, minha linda.", "Ei, já acordou, pequena?","Que coisa ruim essa cama sem você. Você ainda tá na cama?" ela lê e torce a boca num meio sorriso de quem acabou de acordar.
O telefone toca, duas vezes.
"Hm?" ela resmunga.
"Oi, meu amor... Te acordei?"
"Uhum."
"Desculpa, eu só tava pensando em você... Ei, sabe que horas são? 11:11, faz um pedido, minha linda."
"Hm, me deixa dormir."
"Você sabe que se você contar seu pedido, ele não se realiza? Bobona."
Ela fica em silêncio.
"Desculpa. Eu vou te deixar dormir, pequena. Tchau." ela ouve a culpa na voz dele.
"Eu amo você. Muito. Muito mesmo." ela fala com calma.
"Dorme bem. E sonha comigo." 
Ela ouve o barulho do outro lado da linha que indica que ele desligou. E joga o telefone ao lado da cama.
(...)
Ela abre os olhos desacostumada com a luz e sente alguma coisa incomodar seu rosto.
"Dormi de óculos?" ela murmura e procura o celular.
"12:21." ela constata e de repente se lembra de alguns flashes. "Foi só imaginação?"


Fim do capítulo 111;

12 outubro 2011

Capítulo 110


"Todo artista tem sua musa inspiradora. Quem é a sua?"
"Eu não posso contar."
"Ah, por que não?"
"Isso tiraria todo o mistério do meu trabalho."
"Por favor, eu prometo que não conto a ela."
"Eu não posso."
"Eu prometi não contar a ela. Por que eu não posso saber?"
"Eu não posso contar. E eu tenho que ir. Mas você pode ficar com meu último texto, foi escrito para ela."
Ele entregou o papel dobrado a ela.
"Vejo você depois." ele disse.
Ela o observou ir embora enquanto se perguntava como era o texto. E ficou sem palavras ao ver que no topo da página como título estava escrito seu nome.

Fim do capítulo 110;

09 outubro 2011

Capítulo 109


"Eu te amo mais." ele falou.
Não ama, não. Quem ama não enrola, não omite, não mente, não engana, não esconde, deixa tudo claro, é verdadeiro, pede desculpas e se sente culpado se faz algo errado.
"Não." nego porque sei que é a verdade.
"Você sabe que é verdade."
"Não é."
Não é verdade, pois quem quer arranja um jeito, quem não quer arranja uma desculpa.
"Amo, sim. E pra sempre vou te amar mais, mais que tudo." e fez aquela expressão de cãozinho-abandonado-me-leva-para-sua-casa-e-me-perdoa-se-eu-bagunçar-a-sua-vida-?
Por que ele não pode ser um canalha comum? Desses que eu dispenso sem o menor dó, pois eu sei que tem caras melhores que ele por aí.
Ele tinha que ser um canalha fofo, que me ama mais que tudo, que se preocupa em saber como foi meu dia. Esse canalha do qual eu não consigo ter raiva. Esse canalha que pensa que me engana quando eu sei das verdades, que me enrola achando que eu cai nessa.
Por que logo eu, hein? Logo eu que sempre prometi estar no controle da situação, não me deixar enrolar. Logo eu, logo eu.
"O que eu vou fazer com você?" penso em voz alta.
"Tudo." ele sorri daquele jeito me pedindo perdão por ser idiota e eu, mais idiota ainda, perdoo.

Fim do capítulo 109;

30 setembro 2011

Capítulo 108 - Is anybody out there?


"Sei que isso pode soar egoísta, mas queria que alguém me ligasse para perguntar se cheguei bem em casa depois de um dia fora estudando; alguém para perguntar se eu almocei direito; alguém para perguntar se preciso de ajuda com meus trabalhos e lições; para dizer que estou estudando demais e arrancar os cadernos da minha mão; alguém para perguntar se há algo de errado, pois eu não estou sorrindo; alguém para alugar uma coleção de filmes e passar a tarde assistindo (ou não) comigo; alguém para me mandar uma mensagem de boa noite, me desejando bons sonhos antes de eu ir dormir; alguém para deixar um bilhete idiota que me faça sorrir no meio dos meus livros; alguém que não me trocaria por nada no mundo; alguém que me falasse que acreditar em contos de fadas é besteira, mas que criasse um só para nós."

Fim do capítulo 108;

22 setembro 2011

Capítulo 107;

"Quero que as coisas comecem a dar certo para mim. Será que dá sorte se eu repetir sete vezes? Quero que as coisas comecem a dar certo para mim. Quero que as coisas comecem a dar certo para mim. Quero que as coisas comecem a dar certo para mim. Quero que as coisas comecem a dar certo para mim. Quero que as coisas comecem a dar certo para mim. Quero que as coisas comecem a dar certo para mim. Quero que as coisas comecem a dar certo para mim.


Será que dá mais certo ainda se eu repetir, só que no imperativo? Vamos lá, me ouça.
As coisas vão começar a dar certo para mim. As coisas vão começar a dar certo para mim. As coisas vão começar a dar certo para mim. As coisas vão começar a dar certo para mim. (...) As coisas vão começar a dar certo para mim." e sublinhou a última linha só para ter certeza do que estava pedindo.

Fim do capítulo 107;

19 setembro 2011

Capítulo 106 - Can you feel it?


"Você tá ouvindo essas batidas?" ela perguntou encostada ao peito dele olhando para qualquer ponto fixo.
"Uhum." ele concordou passando a mão pela lateral das costas dela.
"É uma contagem regressiva."

Fim do capítulo 106;

18 setembro 2011

Capítulo 105 - Just don't forget;

"Parece frágil porém está distante de fragilidade. A opinião forte, como contraponto a um gosto doce. Insegura talvez até descobrir em que chão pisa, após descoberta, atravessa o caminho sem olhar pra trás. Sempre indo, nunca voltando. Como o tempo." — e que assim seja.


Fim do capítulo 105;

13 agosto 2011

Capítulo 104 - Coisas que eu ainda não vivi;


Estou escrevendo para dizer que senti falta do cheiro do seu perfume; senti falta dos seus abraços, e das suas mordidas; senti falta da sua voz; das mensagens no meu celular assim que eu acordo; do seu jeito de falar e do seu jeito de querer cuidar de mim; do seu jeito de se preocupar tanto comigo; das nossas conversas até mais tarde no msn; do jeito que você sorri; de como você tenta (e sempre consegue) me deixar bem; de como você quase nunca tem o que falar, mas sempre se dispõe a me ouvir; de como você me mima a ponto de me deixar mal acostumada; de como você sempre é tudo o que eu preciso que seja; de como você nunca se esquece de quem é e se mantém fiel a si mesmo; do seu amor pelas suas séries favoritas; de como você sorri quando está feliz de verdade; de como você mal espera eu aparecer online para vir falar comigo; de como nós queremos coisas tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão iguais; de como você nunca foi nada além de você mesmo e sempre foi tudo o que eu quis.
Estou escrevendo para dizer que senti sua falta — mesmo você nunca tendo estado aqui.

Fim do capítulo 104;

01 agosto 2011

Capítulo 103 - Tell me;

"Esqueci de perguntar algo"  ela se virou de volta para ele.
"Diga."  a fitou aguardando pelo que ela tinha a dizer.


"Eu estive pensando e, você sabe que eu chego à conclusões doidas quando eu faço isso, não é?
E, sabe, eu não sei se estou somente imaginando ou se realmente alguém está se importando comigo dessa vez, mas acho bom conversar com você, me sinto bem. Pode ser só ilusão, mas acho que gosto de você se importando comigo, gosto de... você.
Eu... falei tanta besteira, não falei? Mas o que eu queria realmente perguntar é, hm, você realmente gosta tanto de mim quanto parece gostar?"


Ela piscou os olhos com força tentando se certificar que só havia pensado naquilo e nenhuma outra palavra havia saído de seus lábios.
"Você ficou com meu caderno de literatura?"
"Ah"  ele pareceu surpreso "Posso devolver amanhã?"
"Claro."


E assim como várias outras coisas que ele adiava sempre que tinha que devolver, ele ficou mais um pouco com o caderno.


Fim do capítulo 103;

18 junho 2011

Capítulo 102 - Remembering Sunday;

Você faz uma brincadeira idiota e eu dou risada. Te chamo de criança e você diz, se segurando para não rir, que você não é nada disso. Reclamo da música que você ouve, você me diz que tenho mau gosto; respondo que devo ter mesmo, pra gostar de você; aí tenho bom gosto, só não fui apresentada ao tipo certo de música. Te olho nos olhos, distraída, pensando no quanto você é meu; me perco no tom dos mesmos e sorrio sem querer; você me pergunta o que foi; balanço a cabeça, tentando tirar o pensamento de você, e digo que não é nada; quando, na verdade, você sabe que é tudo. Sorrio para você enquanto te digo que te acho um chato, um bobo, um ridículo; mas meu sorriso me entrega e você sabe que é tudo mentira. Você reclama, colocando as mãos nas minhas bochechas, do quanto você está com frio; reclamo para você tirar logo essas mãos geladas de mim, e te empurro para longe. Digo para você se cuidar e você diz que já é grande o bastante, não precisa de ninguém te dizendo o que fazer. Você me liga à noite dizendo que queria ser o último a me dizer boa noite; eu reclamo, perguntando se você sabe que horas são e dizendo que eu já estava dormindo; pelo jeito que sua voz sai, sei que você está sorrindo; você diz com uma voz sonolenta o quanto eu te amo; respondo que não é verdade, dizendo que não dá pra amar alguém chato como você; desligo dizendo para você se cuidar, que é meu jeito de dizer eu te amo, sem dizer.


E eu sorrrio enquanto fecho os olhos sabendo que eu amo cada segundo disso.

Fim do capítulo 102;

09 maio 2011

Capítulo 101 - Talk;

De tempos em tempos eu me pergunto como seria se nós voltássemos a nos falar.
Nós esqueceríamos — ou pelo menos fingiríamos — que tudo mudou e tentaríamos nos falar normalmente?

"Ei, como você está?" seria sua pergunta.
"Como você acha que tem sido sem você? Tem sido péssimo."
Eu quis falar com você todos os dias, eu quis te ver, quis te abraçar, quis dizer que senti sua falta, quis você aqui aqui. Não queria nunca ter deixado você ir embora. Será que se eu tivesse pedido, teria feito diferença?
Mas eu espanto todos esses pensamentos e digo, simplesmente:

"Estou fazendo o melhor que eu posso." coisa que não é mentira, e disfarça tudo o que eu queria dizer.
Pergunto como você está, esperando que sua resposta não me faça sentir boba por sentir falta de você.
Você se demora um pouco; eu me pergunto se você está repensando sua resposta ou se você está simplesmente conversando com outras.

"Senti sua falta, sabe?"
Três palavras. Três palavras bobas e você me ganhou de novo. Três palavras bobas e eu revivi tudo novamente.
Desde o momento em que nós nos conhecemos — o seu jeito de me pedir para falar mais devagar, do seu jeito de me dizer 'tchau', o seu jeito bobo de perguntar como as palavras são escritas, o seu jeito de pedir a lição emprestada — até a última vez em que conversamos.

"Eu também senti." queria dizer, mas tudo o que eu consigo fazer é olhar para a janela de conversa.
Olhar encantada para as palavras que você disse é tudo o que eu consigo fazer por um tempo. Até eu respirar bem fundo, fechar os olhos e
desejar com todas as minhas forças que você esteja aqui.

Fim do capítulo 101;

29 abril 2011

Capítulo 100 - All That's Left;

"Hoje completa mais de um ano, sabe? E isso é importante para mim, tanto quanto eu espero que seja importante para ela.
Ela é minha pequena, minha bebê. Ela é tudo que eu sempre quis e mais. Ela é tudo para mim.
Eu gosto dela, na verdade, gosto de tudo relacionado a ela: os defeitos, o jeito de andar, as manias bobas, o jeito de reclamar, o modo de piscar os olhos, o jeito de agir, a cara boba de sono que ela tem, o jeito que ela boceja e o sorriso meio torto que ela me dá quando sorri. Tudo nela me encanta. Eu estou apaixonado por ela. Eu a amo.
Ela diz que é mentira, sempre que eu digo que a ama no meio de um silêncio idiotas nas nossas conversas, porém não é — nunca é. Isso é realmente importante para mim, é importante que ela saiba o quanto eu a amo.
Se eu não posso estar com ela, eu preciso fazê-la sentir amada de alguma outra forma. E as palavras são tudo o que eu tenho.
Talvez ela não saiba o quanto ela significa para mim, mas ela já se tornou uma grande parte de quem eu sou agora.
Meu melhor amigo a conhece, ele a acha perfeita. E isso já é o bastante para mim. Eu não preciso de aprovação, meu amor por ela não precisa disso.
Eu não quero que meus outros amigos a conheçam. Ela é somente minha. Eu não quero que eles vejam o quão encantadora ela realmente é.
Eu me pergunto se ela sente tanta falta de mim quanto eu sinto falta dela. Se ela também sente falta dos
momentos que nós não tivemos; dos abraços que nós não demos, dos olhares que nós não compartilhamos, das fotos que não tiremos. Se ela também queria segurar a minha mão enquanto anda na rua, se queria ver um filme abraçada comigo num dia frio de inverno, se ela queria dividir um chocolate quente comigo, se ela queria fazer uma briga de bola de neve comigo, ou se ela simplesmente queria estar ao meu lado, sentindo meu perfume e afagando meu cabelo — tanto quanto eu quero com ela.
Eu espero que ela me ame tanto quanto eu a amo. E que a distância entre nós não mude isso.", e essas seriam as palavras dele.

Fim do capítulo 100;

11 abril 2011

Capítulo 99 - Is this supposed to mean something?;

1º dia da semana, 11º do mês, 101º dia do ano.
6029 dias, 14676 horas e contando.

Fim do capítulo 99;