Sabe aquele meu caderno que você tanto gostava de folhear porque as folhas tinham meu perfume? Vou precisar dele de volta. E aquela foto no seu criado mudo da nossa viagem a Londres, me devolve também — adorei aquela viagem. Aqueles meus livros que ficavam na sua cabeceira para quando eu sismava em não conseguir dormir, me devolve. Meus cds que você pegava pra saber se gostava do estilo musical. Meus boxes de todas as temporadas de séries que eu gosto. Meus dvds de filmes românticos melosos que você detestava, mas sempre assistia comigo. Minhas revistas de decoração que eu já estava cansada de olhar para fazer trabalhos. Meu Ipod que sempre estava jogado nas suas coisas. Minhas lentes que deixei na sua casa pros dias em que saíamos juntos. Minha escova de dentes. Minhas presilhas que sempre ficavam jogadas pelo chão do seu quarto. Meus lápis de desenho que me deram tanto trabalho para apontar e você queria para você só porque achava bonito. Minhas blusas que ficaram aí e você acabou dando para a sua mãe lavar porque achou que iria estragar se jogasse na máquina — você a agradeceu por mim?
Devolve a parte de mim que ficou com você, enfim.
Tô devolvendo o que ficou de você comigo. Tô devolvendo também sua camisa vermelha que ficou aqui em casa e eu achava confortável de usar; Aqueles livros que você deixou aqui para eu ler — eu não tive tempo de ler todos, mas são seus; Aquelas fotos na praia fora de temporada com você também.
Se você achar que falta alguma coisa, pode pedir pro síndico abrir para você. Mas julgo ser só isso mesmo, as pessoas sempre levam mais de mim que eu levo delas.
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