22 março 2013

There are a lot of things we don't want to know about the people we love.


Sento nesse cômodo que agora me parece estranho e não consigo parar de encarar aquela caixa no canto do cômodo perto da porta. Mas é só papelão. Só papelão... não é?
Não!
É o dia em que fomos andar de patins no parque e ralei meu joelho. (E eu só caí porque fiquei com vergonha de dizer que não sabia andar). É a primeira vez em que você cozinhou pra mim e eu menti que a comida estava boa (sendo que você queimou metade de tudo). É a primeira vez em que dormi na sua casa e fiquei com vergonha de que você me visse de pijama. É a primeira vez em que você dormiu aqui e você usou minha escova de dentes. É o peixinho dourado que comprei pra você e que morreu por você não alimentá-lo. É o jeito que você tinha de me convencer. É toda e qualquer conversação até o amanhecer. É a primeira vez em que eu te chamei de "amor" e você nem percebeu. É a reposta vaga que você me dava quando eu perguntava da sua rotina. É todo presente com a cor/tamanho/sabor errado. É toda vez em que você nem ouviu o que eu falei. É toda vez em que eu indiquei uma música e você não ouviu. É toda vez que meu telefone não tocou quando você disse que ligaria.
A campainha toca e eu me levanto com pesar. Abro a porta num suspiro fundo e te encaro. A última vez em que pretendo te ver.

Existem várias coisas que não queremos saber sobre as pessoas que amamos. E a principal é que elas não nos amam.

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