07 março 2013
Ametista
Acordo sentindo a cabeça pesada. Tento levantar da cama de uma vez só, mas parece que uma bigorna me puxa para baixo. Respiro fundo e faço força para sair da cama. Consigo sair do quarto e, oh, droga, toda essa claridade me incomoda. Fecho as cortinas com pressa e quando o cômodo já está escuro o suficiente, olho ao meu redor.
Não sei dizer direito que horas são pelo relógio da sala e vou para a cozinha. Minha cabeça dói assim que minha pele descalça toca o piso. Droga. Espirro um par de vezes seguidas e me xingo mentalmente. Droga, de novo.
Abro o armário, pego a primeira caneca que encontro. Abro a geladeira, espirro mais um par de vezes e pego o leite. A caneca já devidamente preenchida vai para o microondas. Digito um tempo qualquer pré-programado e me encosto no balcão.
Fecho os olhos por um momento e lembro de quando você me fazia café da manhã: eu ficava sentada no balcão esperando e quando eu me distraía você me surpreendia com um beijo. Droga, droga, droga! Abro os olhos depressa me perguntando se o microondas não está demorando para apitar.
Aperto o botão para cancelar e seguro a caneca numa mão enquanto procuro por canela no armário. Jogo um pouco na caneca e vou para a sala.
Sento no sofá e expiro, como se aquilo fosse um baita d'um alívio. Aquele cômodo escuro parece muito mais aconchegante agora.
Tomo o primeiro gole da bebida e estranho o gosto doce. Quanto tempo eu não colocava canela no leite? Ah.
Canela, canela, canela.
Eu estou mesmo usando um remédio que você me indicou?
Quanto tempo ainda vai durar essa ressaca de você?
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